Raul, um herói trágico – texto de seu pai

Viva a vida de quem faz dela algo de bom para si e para o mundo. Neste dia, quando completaria 24 anos, celebramos a sua vida.

Na foto, compartilhamos a alegria contagiante do Raul , ao lado da sua mãe, Sra. Renata, ajudando a realizar o Passeio Rodas da Paz 2017, na Ceilândia, cujo tema foi “Sem pressa, todo mundo chega bem”.

Compartilhamos também o texto escrito pelo pai do Raul, Sr. Helder, por ocasião da Bicicletada Nacional: Homenagem a Raul e ciclistas violentad@s no trânsito – em Brasília.

Hoje, em Recife, sua cidade natal, estão Celebrando a vida de Raul Aragão (clique no evento para saber mais).

Viva Raul. #RaulPresente #RaulVive

Deixamos assim um abraço apertado para toda a família e para as amigas e os amigos em vários cantos que, como a gente, gostariam de apenas desejar ‘feliz aniversário’ nesta data.

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“Os Heróis são trágicos. Herói vivo não sobrevive, mas heróis são imortais, é da essência deles morrer para nascer. Os verdadeiros feitos heróicos se cumprem post mortem, ao replicarem-se no comportamento de outrem, e promoverem mudanças baseadas no exemplo das façanhas extraordinárias. Façanhas não notadas como tal se seu autor não morresse.

Sempre me apavorou a ideia um filho e a afastava da mente colocando-a na categoria das coisas reservadas ou outros. Pensava sucumbir de tristeza se isso ocorresse. Mas eu não sabia ser pai de um herói, não sabia está reservada a meu filho a imortalidade dos heróis.

Claro não bastar a morte para termos um herói, embora muito calhorda morto seja içado a esta condição apenas por isso. Na cerimonia de despedida do corpo do Raul a monja Chris me disse ser meu filho um Bodisatva e lembrei de uma história:

‘Três homens estavam no deserto quando encontraram um alto muro. Subiram uns nas costas dos outros é o primeiro a chegar ao topo gritou eureka e pulou para o lado de dentro onde havia um oásis paradisíaco. O segundo homem, com algum esforço conseguiu também alçar-se, ajudou o terceiro a subir e saltou para oásis. Quando chegou ao topo, este homem admirou o paraíso, mas ao invés de pular para a salvação voltou ao deserto para guiar outros andarilhos perdidos ao oásis.’

A maioria de nós salta para a própria salvação, alguns ajudam amigos e parentes a também salvarem-se. Apenas o Bodisatva busca salvar todos os demais e só o herói é capaz de sacrificar-se para tal.

Não enterrei meu filho, não comprei um apartamento em um campo da esperança qualquer, não pagarei condomínio por uma tumba fria, Raul teve uma vida infinitamente ardente enquanto durou e imortal como a amor. Nós decidimos por cremar seu corpo para podermos espalhar seu espírito por onde ele pedalou. Parte destas cinzas serão depositadas perto da Dolly, agora gosh bike, na L2 Norte onde seu destino heroico o encontrou.

Dia 27 de outubro de 2017 haverá um bicicletada, saindo do Museu Nacional, com concentração a partir das 14 horas e destino a 406 Norte onde Dolly, vestida de noiva ficará para lembrar a todos, ciclistas, motociclistas, motoristas e pedestres. HERÓIS NÃO DEIXAM VIÚVAS.

Peço a todos amigos, simpatizantes e mesmo aos curiosos, se não puderem participar da bicicletada, postem-se ao longo do trajeto para aplaudir os ciclistas e se possível encontrem-se comigo na 406N. Helder”

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