Funcionários pedem bicicletários e vestiários em prédios da Petrobras

A Petrobras precisa ter bicicletários e vestiários para todos.

Foi com esse pedido que um funcionário da empresa entrou em contato com a gente — e ele não está sozinho. Uma lista de “interessados em guardar bicicletas em garagens da Petrobras” está sendo feita na internet e já reúne mais de 150 nomes de várias unidades da empresa (não colocamos o link aqui porque a lista não é pública).

O email que recebemos é de um funcionário que trabalha na unidade do Castelo: “O prédio não tem bicicletário apesar de diversas solicitações à Petrobras para a criação de um. A empresa alega que não incentiva esse meio de transporte para os funcionários por considerá-lo inseguro… sem comentários!“, lamenta o ciclista, que pediu anonimato para evitar constrangimentos na empresa.

O pior é que muitos funcionários estão sendo transferidos para o novo prédio na Rua do Senado, um edifício todo modernoso, mas que também não tem bicicletário. Questionado por funcionários sobre a possibilidade da instalação nesse novo prédio, o setor responsável respondeu o seguinte:

“Tendo em vista a falta de ciclovias e de segurança para os ciclistas no centro do Rio de Janeiro, a Petrobras não incentiva o uso de bicicleta como meio de transporte para a força de trabalho. Por essa razão, não haverá bicicletário no Centro Empresarial Senado.”

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— O curioso é que isso é totalmente feito no achismo por uma empresa tão grande, uma vez que eles têm vagas para motos, que são infinitamente mais perigosas que bicicletas — questiona Zé Lobo, da ONG Transporte Ativo —Sim, há segurança suficiente para se ir para o Centro pedalando e muitos já o fazem, mesmo sem qualquer infraestrutura. Inclusive funcionários da Petrobras que precisam estacionar em bicicletários, grades ou postes próximos ao local de trabalho.

Lobo afirma que há anos recebe reclamações de gente da Petrobras, enquanto “INPI, Tribunal de Justiça do Trabalho, Fórum, BNDES, todos têm espaço para seus ciclistas, seja um simples suporte ao lado da entrada como no Fórum ou sistema completo com chuveiro e tudo no INPI”.

O funcionário que nos envou a mensagem usa uma bicicleta dobrável e só consegue entrar no prédio se tiver a bolsa para guardá-la. Caso contrário, não tem onde estacionar. Além disso, o uso do vestiário é restrito para o pessoal da segurança do prédio. Vai entender… Ele diz que conhece outros funcionários que vão pedalando para o trabalho e são obrigados a deixar a bicicleta amarrada em postes na rua.

Armado com estatísticas, Zé Lobo lembra que o risco de acidentes também vale para carros, motos e até transporte público. Cruzando dados do Mapeamento das Mortes por Acidentes de Trânsito no Brasil, da Confederação Nacional de Municipios (2009), e  da pesquisa de Mobilidade Urbana do Ipea, Lobo chegou aos seguintes números:

. Ciclistas são 7% dos deslocamentos e 4% dos “acidentes”
. Carros 24% dos deslocamentos e 27% dos “acidentes”
. Motos 12,6% dos deslocamentos e 22% dos “acidentes”. 

Em meio a isso tudo, pelo menos nós temos a boa notícia das ciclorrotas do Centro, que prometem melhorar muito a infraestrutura para os ciclistas na região central da cidade até 2016.

— As empresas precisam se adequar desde já para a demanda que surgirá e para receber seus funcionários que já pedalam para o trabalho com dignidade e respeito — conclui Zé Lobo.

Então, Petrobras? Vamos garantir que seus ciclistas fiquem seguros e cheirosinhos?

Fonte: Blog de Bike

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