Projetos de mobilidade da SEGETH investem na integração entre metrô e bicicleta

A Secretaria de Estado de Gestão do Território e Habitação (SEGETH) apresentou projeto executivo preliminar para a mobilidade em diferentes regiões administrativas do DF. O ponto de partida da proposta é a conexão do metrô aos pólos geradores de viagem (instituições educativas, hospitais e centros culturais e comerciais, por exemplo). Águas Claras, cuja estrutura para o deslocamento ativo (a pé ou bicicleta) é inexistente ou deficitária, seria a primeira localidade a receber os benefícios. A exposição ocorreu na noite de quarta-feira (15/07) durante a 2ª Oficina Co-Laborativa, convocada pela Secretaria de Estado de Mobilidade (SEMOB) também para apresentar dados iniciais do mapeamento das ciclovias e rotas cicláveis do DF.

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Cecilia Martins, coordenadora de sustentabilidade da Subsecretaria de Políticas e Projetos de Mobilidade da SEMOB, afirmou que o levantamento colaborativo resultou em 335 km de estrutura propícia para o uso da bicicleta. A pesquisa, no entanto, continua pois o número oficial utilizado como referência é de 411 km de ciclovias, ciclofaixas e acostamentos cicláveis no DF. Ao total, 20 ciclistas contribuíram com o mapeamento e 5 enviaram informações de análise da estrutura para o formulário da SEMOB. Desses, 66,7% identificaram locais com intersecções perigosas e 60% passaram por travessias inseguras.

O mapeamento colaborativo está atrelado ao diagnóstico da malha cicloviária do DF, cuja previsão é de 4 meses de duração. Porém o processo — financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) — está atrasado pois ainda não ocorreu a licitação da empresa de pesquisa que receberá estas informações para tratamento e análise. A previsão é da licitação acontecer nas próximas semanas.

Anamaria de Aragão, diretora de mobilidade da SEGETH, apresentou a proposta de melhoria da estrutura de mobilidade na perspectiva de um olhar para o futuro. Os grandes transportes de massa atendem os pólos geradores de viagem? Esta questão, focada na ampliação do uso do metrô, orientou os projetos executivos seminais apresentados pela equipe da SEGETH. A bicicleta — que expande as distâncias alcançadas pelo cidadão — foi o modo de transporte escolhido para a complementação com o metrô, como já havia sido feito pela Rodas da Paz. Afinal, se é possível chegar ao destino de bicicleta entre 5 a 10 min, o usuário dificilmente optará pelo uso do carro. Há, então, o interesse em estabelecer um sistema de bicicleta compartilhada para integração com o metrô.

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Rua compartilhada, calçada compartilhada e zona 30 foram algumas opções utilizadas nos projetos. A SEGETH desenvolveu um método que serve de guia de decisão da melhor estrutura para cada local. O guia considera a velocidade média da via, o fluxo dos diferentes modais e o espaço e estrutura disponíveis no local. As diversas escolhas foram exibidas para as ruas das seguintes regiões administrativas: Ceilândia, Taguatinga, Samambaia e Águas Claras. O detalhamento do projeto pode ser acessado aqui.

Renata Florentino, coordenadora geral da Rodas da Paz, comentou que os projetos estão pensando a cidade e a bicicleta inserida no espaço urbano, o que é positivo. Esta ótica é preferível a outras propostas em que o debate ficava refém da construção apenas de ciclovias. Em vez disso, a SEGETH apresenta outras alternativas para o deslocamento de todos, inclusive dos ciclistas. Se, por um lado, os projetos são bons, por outro, é preciso verificar como será a execução, pontuou a coordenadora. Florentino também demandou uma vistoria técnica em Águas Claras — localidade que primeiro deve receber as novas estruturas — para verificar os caminhos que já são utilizados para se acessar o metrô. 

A diretora de mobilidade da SEGETH se comprometeu com a vistoria, provavelmente a ser realizada em um sábado quando os usuários têm disponibilidade e há o fluxo regular dos transportes. Aragão solicitou a participação dos ciclistas quando ocorrerem as audiências públicas para discutir os projetos, uma vez que a secretaria propõe a redução do espaço do carro e demanda uma mudança cultural sobre a mobilidade nas cidades.