Carta à Sociedade: Juntos, poderemos salvar milhares de vidas

“Juntos, poderemos salvar milhares de vidas”

Meu nome é Christianne Costa, tenho 51 anos, sou mãe de quatro filhos. Sou moradora do Guará desde 1982, quando me casei.

Criei meus filhos no Guará e me entristeço por perceber que o descaso com a segurança pública tem sido uma constante. Mas vou me ater à Segurança Viária.

Trabalho com educação de trânsito há 22 anos e, não vejo outra opção para nós, se não a prevenção e fiscalização para que os condutores sejam mais “conscientizados” de seu dever com a civilidade.

Em vários pontos do Guará I e II ainda ocorrem os pegas, rachas, ou disputas de corridas por espírito de emulação, como queiram.

Desde 2012 foram encaminhados e-mails a todos os deputados distritais, pelo meu filho Gustavo Gomes, também morador do Guará II, relatando um problema URGENTE que acontece no Guará e solicitando o empenho para solucionar a questão de segurança.

Trecho da carta enviada aos deputados distritais em 21/03/2012:

“Remeto esta carta à Vossas Excelências para solicitar o apoio e a intercessão de um de vós com relação a um assunto que muito tem atormentado a vida dos cidadãos moradores do Guará II.

Na avenida central do Guará II, os veículos trafegam em altíssima velocidade, dia e noite. Para os pedestres, é um perigo atravessar na faixa, mesmo sendo sinalizadas com os novos semáforos exclusivos de faixa de pedestres. Para os moradores, é um tormento ter que dormir com o ruído excessivo do tráfego dos automóveis e motocicletas.

Tentei entrar em contato com o DETRAN-DF para solicitar a instalação de aparelhos de fiscalização eletrônica ou quebra-molas, mas a burocracia é tão grande que inviabilizou minha solicitação.

Gostaria que fossem instalados alguns “pardais” e/ou quebra-molas ao longo desta avenida, preferencialmente na altura da QI 27, onde existe um grande trecho em linha reta e os veículos aproveitam para acelerar ao máximo. Conto com o auxílio de Vossas Excelências para solucionar este problema.”

Carta enviada hoje aos deputados distritais – 09/12/2013:

“Bom dia!

Vos escrevo novamente para solicitar vosso auxílio na solução de um problema que, a meu ver, o poder público não faz questão de solucionar.

No dia 21/03/2012, ou seja, há exatos 628 dias, eu enviei um e-mail relatando uma situação que a população do Guará II convive todos os dias. Na avenida central do Guará II, os veículos trafegam em altíssima velocidade. 

O trecho compreendido entre o Edifício Consei, na QI 31, e o comércio local da QI 23 tem aproximadamente 2,2 km de extensão. Neste trecho existe um posto policial na altura da QI 27, mas pelo que me consta, este posto está desativado já que não vejo a presença de policiais militares a bastante tempo. A 4ª Delegacia de Polícia também está localizada neste trecho, na altura da QE 17. Em toda a extensão do trecho citado, existem apenas dois quebra-molas em cada sentido, todos localizados na proximidade da 4ª DP. Ou seja, no trecho restante, motoristas imprudentes podem abusar da velocidade em seus carros e motos, dirigindo imprudentemente sob efeito de álcool e drogas, certamente. 

No dia 28/06/2012, eu enviei outro e-mail reiterando meu pedido. Na época eu citei que “Um acidente automobilístico era questão de tempo para ocorrer”. 

Ontem à noite, um acidente automobilístico tirou a vida de um ciclista que trafegava próximo à QI 23. Encaminho o link da matéria veiculada hoje pela manhã no telejornal Bom Dia DF, da Rede Globo: http://g1.globo.com/videos/distrito-federal/bom-dia-df/t/edicoes/v/ciclista-morre-atropelado-no-guara-2/3006161.

Até quando os moradores do Guará II deverão conviver com a falta de compromisso dos órgãos que deveriam servir à comunidade? Até quando deveremos dormir com a incerteza de que nossos filhos, parentes, vizinhos também chegarão em casa? Até quando?

Lamento muito por não poder fazer o trabalho que cabe a cada um de vocês!”

Certamente isso ocorre em outras localidades, então por que não começarmos a trabalhar de forma mais efetiva para que sejam evitados os transtornos oriundos de uma política fraca e permissiva.

Tão pouco foi solicitado! Tão simples de resolver! Lombadas eletrônicas, ondulações transversais, pardais…

Não esperem perder alguém de suas famílias!

A Assembleia Geral das Nações Unidas, através de Resolução A/RES/64/255, publicada no dia 02 de março de 2010, proclamou o período de 2011 a 2020 como a “Década de Ações para a Segurança no Trânsito”.

A resolução foi elaborada com base em estudos da Organização Mundial de Saúde que estimou, em 2009, cerca de 1,3 milhões de mortes por acidente de trânsito em 178 países. Recomenda aos países membros a elaboração de um plano diretor para guiar as ações nessa área no decênio, tendo como meta de estabilizar e reduzir em até 50% os acidentes de trânsito em todo o mundo.

Aqui no Brasil temos o Parada, do Ministério das Cidades, temos o engajamento de diversas Organizações Não Governamentais, associações de bairros, entre outras iniciativas que estão trabalhando duro para que consigamos bater a meta de redução de 50% do número de mortes no trânsito.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) coordena os esforços globais ao longo da Década e monitora os progressos a níveis nacional e internacional. A agência também oferece apoio às iniciativas que têm objetivos como a redução do consumo de bebidas alcoólicas por motoristas, o aumento do uso de capacetes, cintos de segurança e a melhoria dos atendimentos de emergência.

Na noite de 08 de dezembro próximo passado, ocorreu um acidente com proporções trágicas.
Um condutor alcoolizado, em alta velocidade atropelou e matou um ciclista que trafegava em frente ao meu prédio, na QI 23, Guará II.

O caso foi motivo de revolta para os moradores locais, mas, infelizmente, amanhã já o terão esquecido. Mas não eu! Não as famílias envolvidas. Não o condutor!!!

A imprensa noticiou. Mas o José será mais um número na desumana estatística.

Pensem na ferida aberta no seio destas famílias! No desgaste emocional, e por que não citar, o financeiro, de uma perda prematura de um ente querido.

Não é mais possível fingirmos que não estamos vendo, e continuarmos contabilizando as vítimas de morbimortalidade.

Qualquer número de mortes diferente de zero é inaceitável! Pensem nas famílias envolvidas…

Peço-lhes o cuidado que a situação inspira. Peço-lhes a atenção que não foi devidamente dispensada há vários anos.

O Distrito Federal é referência na questão da travessia na faixa de pedestres. E foi com trabalho duro e persistente que isso aconteceu.

Que tal vocês, os que “podem”, os que “mandam”, os que regulamentam as leis, começarem a trabalhar em prol de uma Segurança Viária?

Aos jornalistas, peço-lhes que criem pautas positivas no intuito de prevenção. Não deixem para noticiar somente os óbitos.

Aos pais, lembremo-nos que o seu exemplo é a mola propulsora de uma sociedade mais sadia. Devemos nos orgulhar dos exemplos que damos aos nossos filhos e familiares.

Aos educadores de trânsito, rogo para que vocês pensem que, aquele aluno que está sob a sua tutela, não aprendendo o suficiente, poderá ser o seu algoz ou de um parente seu.

Vamos nos mexer!!!

“Juntos, poderemos salvar milhares de vidas!”

Christianne Costa